Navê
Literária
A Navê Literária[1]
(a primeira Navê) é um sistema aprimorado de Ida[2].
A versão original da Ida consiste numa incursão da consciência no imaginário,
com uma origem e um término, sendo dividida sua estrutura em: (1) a Referência,
(2) o Registro, (3) a Incursão[3].
Na Navê
Literária é acrescentada uma quarta função: a Incursão Parcial. A Incursão
Parcial consiste numa pessoa que realiza a incursão durante tempo indeterminado
e, quando da pausa da referência, a mesma se dirige à pessoa responsável pelo
Registro e narra-lhe aquilo que ela visualizou imageticamente durante a
incursão. Após o término de sua descrição, ou mesmo antes - segundo a regra
pré-definida-, aquele que realiza a Incursão Parcial, quando da retomada da
referência, volta novamente à incursão. Isto porque na Navê Literária a
Referência não é constante: nos momentos em que ela ocorre, tanto aquele que
faz a Incursão Completa quanto aquele que faz a Incursão Parcial estão ao mesmo
na Incursão. Somente quando a Referência é interrompida é que aquele que faz a
Incursão Parcial interrompe a sua incursão e narra àquele que faz o Registro o
conteúdo de suas impressões imagéticas, enquanto a pessoa que faz Incursão
Completa não interrompe a sua incursão, mas permanece nela da origem ao
término.
Aspectos
Sintéticos da Navê Literária
1. Para
que aja a Navê Literária são necessárias quatro pessoas. Uma para fazer a
Referência, uma para fazer o Registro, uma para fazer a Incursão Completa, outra
para fazer a Incursão Parcial.
2. A
Ida da Navê Literária é de longa durabilidade, com mínimo de 10 minutos de
duração.
3. A
escolha da referência é importante, posto que a referência é o que determina o
tipo de imagens que serão evocadas. Cada referência, portanto, deve ser criada
segundo um tipo de necessidade existencial. Ou seja: a referência é o produto
de uma escolha reflexiva.
4. A
pessoa que faz a Referência não pode se demorar em voltar à referência, pois
isso comprometeria a própria pessoa que faz a Incursão Completa. Por exemplo,
se a pessoa que faz a Incursão Parcial demorar mais do que 1 ou 2 minutos para
expor ao Registro suas imagens, a Referência deve retomar imediatamente o som
que estava produzindo. Para tanto, 1 ou 2 minutos deve ser o limite da
interrupção da referência e o prazo máximo para a Incursão Parcial passar a sua
mensagem imagética ao Registro. No caso da mensagem ser dita rapidamente, em
questão de poucos segundos, a Referência deve voltar à tona tão logo a Incursão
Parcial tenha terminado sua transmissão, do modo mais sincronizado possível.
5. O
som produzido pela Referência deve ser constante, para que seja mais eficiente
a amplificação das ondas do imaginário que estão sendo pescadas pela
consciência.
6. A
Referência precisa produzir som, ondas sonoras, mas a maneira como o som é
produzido e a característica que passa a ter é de livre criação. Vale dizer, de
maneira nãoacadêmica e nãotradicional.
7. Aquele
que faz o Registro deve ficar como responsável pela observação do tempo
estipulado de no mínimo 10 minutos de Ida. Quando o tempo de 10 minutos acabar,
o Registro deve informar à Referência, e esta deve cessar sua função, dando
término à Ida da Navê Literária.
8. O
Registro deve ocupar-se prioritariamente de registrar a Incursão Completa e a
Incursão Parcial, procurando dar foco à totalidade do corpo.
9. A
pessoa que faz a Incursão Parcial deve se concentrar para tentar encontrar
imageticamente a pessoa que está fazendo a Incursão Completa. A 4ª função
prevista na Navê Literária, assim, é um tipo de “tradutor imagético”, pois
tenta captar e descrever as imagens daquele que executa a Incursão Completa.
Obs1: A Ida é de longa durabilidade
para que dê tempo de que as impressões sejam mais intensas e profundas; e
quanto mais longa for a Ida, maior a probabilidade de que o incursor manifeste um
estado de hipnose ou transe.
Obs2: A Navê Literária é uma técnica
contemporânea de investigação/materialização do imaginário. Aqueles
que a executam devem estar cientes de seus riscos psicofísicos, de suas normas
estruturais e de suas proposições existenciais.
Autores: Javier Morejón, Denis Faria, Tom Barão e Rodrigo Olivo Scandaroli (Da
Roça).
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