sábado, 5 de setembro de 2015

Navê Literária

Navê Literária

A Navê Literária[1] (a primeira Navê) é um sistema aprimorado de Ida[2]. A versão original da Ida consiste numa incursão da consciência no imaginário, com uma origem e um término, sendo dividida sua estrutura em: (1) a Referência, (2) o Registro, (3) a Incursão[3]. Na Navê Literária é acrescentada uma quarta função: a Incursão Parcial. A Incursão Parcial consiste numa pessoa que realiza a incursão durante tempo indeterminado e, quando da pausa da referência, a mesma se dirige à pessoa responsável pelo Registro e narra-lhe aquilo que ela visualizou imageticamente durante a incursão. Após o término de sua descrição, ou mesmo antes - segundo a regra pré-definida-, aquele que realiza a Incursão Parcial, quando da retomada da referência, volta novamente à incursão. Isto porque na Navê Literária a Referência não é constante: nos momentos em que ela ocorre, tanto aquele que faz a Incursão Completa quanto aquele que faz a Incursão Parcial estão ao mesmo na Incursão. Somente quando a Referência é interrompida é que aquele que faz a Incursão Parcial interrompe a sua incursão e narra àquele que faz o Registro o conteúdo de suas impressões imagéticas, enquanto a pessoa que faz Incursão Completa não interrompe a sua incursão, mas permanece nela da origem ao término.


Aspectos Sintéticos da Navê Literária

1.      Para que aja a Navê Literária são necessárias quatro pessoas. Uma para fazer a Referência, uma para fazer o Registro, uma para fazer a Incursão Completa, outra para fazer a Incursão Parcial.
2.      A Ida da Navê Literária é de longa durabilidade, com mínimo de 10 minutos de duração.
3.      A escolha da referência é importante, posto que a referência é o que determina o tipo de imagens que serão evocadas. Cada referência, portanto, deve ser criada segundo um tipo de necessidade existencial. Ou seja: a referência é o produto de uma escolha reflexiva.  
4.      A pessoa que faz a Referência não pode se demorar em voltar à referência, pois isso comprometeria a própria pessoa que faz a Incursão Completa. Por exemplo, se a pessoa que faz a Incursão Parcial demorar mais do que 1 ou 2 minutos para expor ao Registro suas imagens, a Referência deve retomar imediatamente o som que estava produzindo. Para tanto, 1 ou 2 minutos deve ser o limite da interrupção da referência e o prazo máximo para a Incursão Parcial passar a sua mensagem imagética ao Registro. No caso da mensagem ser dita rapidamente, em questão de poucos segundos, a Referência deve voltar à tona tão logo a Incursão Parcial tenha terminado sua transmissão, do modo mais sincronizado possível.
5.      O som produzido pela Referência deve ser constante, para que seja mais eficiente a amplificação das ondas do imaginário que estão sendo pescadas pela consciência.
6.      A Referência precisa produzir som, ondas sonoras, mas a maneira como o som é produzido e a característica que passa a ter é de livre criação. Vale dizer, de maneira nãoacadêmica e nãotradicional.
7.      Aquele que faz o Registro deve ficar como responsável pela observação do tempo estipulado de no mínimo 10 minutos de Ida. Quando o tempo de 10 minutos acabar, o Registro deve informar à Referência, e esta deve cessar sua função, dando término à Ida da Navê Literária.
8.      O Registro deve ocupar-se prioritariamente de registrar a Incursão Completa e a Incursão Parcial, procurando dar foco à totalidade do corpo.  
9.      A pessoa que faz a Incursão Parcial deve se concentrar para tentar encontrar imageticamente a pessoa que está fazendo a Incursão Completa. A 4ª função prevista na Navê Literária, assim, é um tipo de “tradutor imagético”, pois tenta captar e descrever as imagens daquele que executa a Incursão Completa.

Obs1: A Ida é de longa durabilidade para que dê tempo de que as impressões sejam mais intensas e profundas; e quanto mais longa for a Ida, maior a probabilidade de que o incursor manifeste um estado de hipnose ou transe. 
Obs2: A Navê Literária é uma técnica contemporânea de investigação/materialização do imaginário. Aqueles que a executam devem estar cientes de seus riscos psicofísicos, de suas normas estruturais e de suas proposições existenciais.
Autores: Javier Morejón, Denis Faria, Tom Barão e Rodrigo Olivo Scandaroli (Da Roça).



[1] De acordo com “As 3 Idas”, de autoria de Thiago Magnos, Aline Magnos e Javier Morejón.
[2] De acordo com Conceito Ida.
[3] De acordo com o Conceito Ida e o Modelo do Imaginário. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário